segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Adeus ano velho, feliz ano novo ?




2009 é o ano que vem após 2008, igual a todos os anos anteriores.
Em Janeiro todo mundo vai pagar dividas.
Em Fevereiro todo mundo vai comemorar o Carnaval.
Março é um mês parado, ninguém faz praticamente nada,só come muita carne vermelha na Quaresma.
No mês de Abril todo mundo vai fazer a brincadeirinha do 1 de Abril e depois comemorar a Páscoa ou a morte de Cristo, e o interessante, é que nós seres humanos comemoramos a morte de alguém que segundo a Bíblia deu sua vida para nós, o que realmente é lamentável.
Em Maio todos vão esperar que o 1 de Maio caia em um dia de semana, mas não vai cair e todo mundo vai ficar indignado.
Em Junho tem as Festas Juninas, ou seja, muito fedor de fumaça na sua rua, barulho de bombas no seu portão, gente com dente pintado e balões incendiando telhados, torça para que não seja o seu.
Em Julho a pirralhada fica de férias, ou seja, clubes aquáticos, parques e cinemas vão estar lotados e você continua trabalhando,pelo menos no Brasil onde a mão de obra ainda é escrava.
Em Agosto o Natal já vai começar a ser comentado e você fica mais feliz sabendo que vai ter receber seu 13º Terceiro ( e que vai ter de pagar seu IPTU, IPVA entre outros impostos).
Em Setembro todos vão comemorar o dia da Independência, ou o dia que o Brasil chutou o saco de Portugal (num dia de semana,tomara) e eu completo minhas 21 primaveras e me torno um adulto de fato.
Em Outubro a pirralhada volta a se agitar, principalmente por conta dos dias das crianças, na sua cidade provavelmente haverá um Halloween com bandas de (quase)rock,
onde todos os integrantes se encontrarão em perfeita desafinação, muito preto nas unhas, nos olhos, nas bocas, muito chifre,muita chama, muita vela, cruzes!
Em Novembro todo mundo já vai começar a se preparar para as festas de fim de ano, onde todo mundo arranja aquele dinheiro que faltou o ano inteiro, o que é um mistério...
Já no mês de Dezembro todo mundo gasta bilhares de reais em produtos pirateados e vagabundos, para dar de presente pro "sobrinho" que aliás, também já está de férias escolar enchendo o teu saco pedindo o presente de Natal.

O ano de 2009 vai ser igual a 2008, 2007 e todos os anos passados: Vai ter desastres, vai ter mortes e assassinatos,vai ter protestos, vai ter descoberta de mais políticos corruptos, a Dengue e os Traficantes ainda vão continuar matando no Rio de Janeiro, pessoas vão morrer de fome, vai ter mais uma vez o Campeonato Brasileiro, mais novelas novas, mais impostos caros, mais hospitais lotados, mais enchentes, mais secas, mais nordestinos vão para São Paulo, o Osama não vai ser encontrado, nem a cura da AIDS ou do câncer, a Márcia Goldsmith vai dizer mais algumas verdades, o Faustão vai tirar o seu juízo em todas as tuas tardes de domingo e você vai ficar no controle, alternando entre ele e o Gugu Liberato, pra ver qual lhe causa menos repúdio, a pilha acaba e você ainda na dúvida
A Amy Winehouse provavelmente vai morrer, carregando junto sua amiga Hebe Camardo
que já tá mais do que na hora... Enfim, não espere nada de novo nessa sua vida no ano de 2009.
Absolutamente NADA aqui no Brasil vai mudar, agora no mundo, tudo vai depender do novo presidente: Barack Obama ele que promete trazer Paz ao mundo, mas se Jesus Cristo, o filho de Deus não conseguiu tal feito, será que ele consegue?



Coisas a serem abolidas em 2009.

- Dívidas;
- Zorra Total;
- Mallu Magalhães;
- Mari Moon;
- Mulher Melancia, Melão, Pera, Uva, Maça e Salada Mista;
- A virgindade anal de Sandy;
- Júnior Lima e sua banda de 98476398472984729842739825762342 anjos;
- Especial do Roberto Carlos;
- Xuxa;
- Leão Lobo, Siri, Nelson Rubens, Sônia Abrão e afins;
- Márcia Goldsmith;
- Malhação;
- Os Mutantes;
- Pergunte pra Maísa;
- Fausto Silva;
- NX Zero;
- Paris Hilton e sua Simple Life...
... entre outras tantas coisas que nunca vão ser abolidas, vão me deixar só na expectativa
pra 2010, que não vão ser abolidas, vão só me deixar na expectativa pra 2011 e assim sucessivamente.



- Mas é isso galera, desanima não! :D

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Poeminha de Superação.


" Tô tentando desfazer meus erros
tô tentando clarear a cor,
apagar o fogo do meu desespero
pra depois incendiar o meu pavor."

;~~~~

Notas de Esclarecimento:
(1) O sumiço é por pura falta de tempo e inspiração.
(2) Desculpando as rimas fáceis, não sou bom de poesia.

domingo, 7 de setembro de 2008

" Só se jogam pedras em árvores frutíferas" (Saadi)






Esta é uma frase incomoda e verdadeira, que me leva a pensar nas minhas lutas pessoais, nas brigas que tive de enfrentar só para me defender e também em todas as pedras que atirei porque o bom do outro me era totalmente desconfortável. Eu que sempre achei ditados populares e frases feitas, o puro clichÊ, fiquei silencioso diante da simplicidade desta.Por um lado fui vítima de invejosos que usavam estilingue e , por outro, ao menor sinal de ameaça, ataquei o talento alheio. Quanto desperdício. Decididamente, a sabedoria é uma conquista lenta e árdua.

sábado, 16 de agosto de 2008

( ! )

Resumindo o post passado em uma frase:

Se sexo não fosse uma coisa tão importante para mim, eu desistia de vez desse negócio de amor.

Pronto, é isso.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Vômito.

Eu vinha relutante sobre escrever ou não sobre o assunto a seguir, que é muito íntimo mas se tornou público de uma tal maneira que até a TIM anda mandando mensagens pro meu celular com - DICAS DE AMOR! Do tipo: Mande flores, não esqueça datas importantes, diga eu te amo e etc...Será que até a TIM anda zuando com o meu eterno encalhamento? Será que ela também sabe de todas as minhas frustrações amorosas e resolveu dar dicas para como prosseguir da próxima vez? ... Depois dessas mensagens decidi externar o problema. Que nem sempre é um problema, pois só me faz mal de vez em quando, eu acho. Eu até consigo rir da minha falta de sorte, decepções, platonices, fazer piadinhas e tudo.Mas por trás de toda graça, sempre sobra uma dorzinha lá dentro, de quem sabe que está sozinho e estará sozinho não sabe até quando. Claro, só o que transparece é toda a graça que isso tudo tem para quem vê de fora e que de algum modo eu também me faço querer achar cômico, pois vai que de achar em achar um dia eu me convença e fique livre dessa coisa que me frustra que é: RE-LA-CIO-NA-MEN-TO.
(...)
Pausa para reordenar pensamentos e/ou sentimentos.
(...)
Tá, porque pra mim, liberdade sempre foi aquela coisa de não-precisar-de-ninguém, nem pra te dar comida, pagar as suas contas, te fazer feliz. E cada vez mais me convenço do quão é impossível tal feito e me chateio por achar que não vou alcança-lo ou por não ter outro conceito sobre o que venha ser liberdade. Num dos textos postados eu disse que tinha me apaixonado pela minha companhia,e continuo. Funciono bem sozinho. Tenho tempo pra tudo e pra todo mundo, faço tudo o que gosto, me excedo quando quero, não dou satisfações, posso me dar o luxo de passar o dia inteiro dormindo ou com o celular desligado, beber e fumar excessivamente, faltar aulas, perder semestre, enfim...Uma série de coisas que pra muita gente significa liberdade,e talvez seja uma de suas vertentes mesmo, mas depois que eu faço tudo isso, eventualmente eu me arrependo e penso: -Bem que podia ter alguém aqui pra me impor limites, botar regras, me dar sermão, me levar embriagado pra casa, me aconselhar a beber e a fumar menos...Fazer coisas que eu tenho consciência que tem que ser feitas, mas ainda me acho fraco pra fazê-las por mim mesmo, talvez eu precise de uma pessoa que diga: -Eu te pedindo, por mim... Por isso digo que ainda não sou livre. É triste constatar, mas talvez eu precise de alguém que eu queira agradar para por fim eu me tornar uma pessoa melhor. O problema todo é achar esse alguém. Isso é o que fode! Aliás, o que não fode.
Parafraseando Caio Fernando Abreu, " ando cansado de construir e demolir fantasias, não quero me encantar com mais ninguém", e eu queria realmente não querer. Tive época de não tá nem aí mesmo, de que "não há nada a ser esperado nem desesperado" (Caio F. again), que tudo tem sua hora certa de ser e tal... de esperar e desesperar, eu cansei. Alguma coisa dentro de mim disse não! Que eu devia sair da inércia, que quem procura acha. Aí eu, cheio de esperança, não faltei uma festa, averiguei todas as possibilidades, optei até por lugares alternativos como bibliotecas e livrarias. Nada, nada, nada. Cansei de novo. Algumas coisas que podiam dar certo moram no sul do país, ou do outro lado do oceano, ou só existem dentro da minha cabeça mesmo. E são essas coisas as que eu mais me apego, só as que são mais improváveis. E antes eu era uma pessoa muito exigente, mas com o andar da carruagem eu vi que nunca mesmo eu ia encontrar tudo que eu quero em uma pessoa só, que vai ter sempre alguma coisa nela que eu não vou gostar, e coisas que vou ter que abrir mão e tentar me adaptar, ai eu descartei alguns critérios, fiquei mais aberto as possibilidades. A única coisa que eu não abro mão e nem vou abrir é: inteligência.
Existe coisa mais afrodisíaca do que uma pessoa inteligente? E o pior que eu tive, eu tive muitas pessoas inteligentes ao meu redor, muitas. Mas eu deixei passar por que elas não tinham valores que eu acreditava que fossem necessários mas que hoje eu sei, eram fúteis.
Deixando de chorar pelo leite derramado, eu resolvi voltar a fase de não-estar-mais-nem-aí.
E Destino: - aqui esperando pelo o que você me reserva, e vê se não demora tá?
Pra terminar, o título é Vômito, porque isso tudo foi na verdade uma grande cuspida que vinha me sufocando faz tempo, e porque eu não queria intitular como Apelo, o que de fato é também, pa ra não dar a impressão de que estou desesperado, o que de fato estou.
...
Mentira, na verdade estou zen.
Zen possibilidade alguma, zen pegar ninguém, e zen compromisso, porém continuo muito zensual e quase zen critérios. Ré!
E tudo isso é totalmente zen graça. ;~~
" Oh my lover, why don't you just say my name?"

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Why so serious ?

Bom baixinhos, hoje vamos falar de filme, porque o titio aqui foi no cinema semana passada
pra ver: Batmam - O Cavalheiro das Trevas.
Antes vou logo deixar claro algumas considerações: eu não gosto de super-heróis, o meu preferido é e sempre vai ser o Chapolin Colorado, por mais que filmes novos apareçam cheios de efeitos mega-especiais, vou continuar sempre preferindo o Chapolin, e em outros tempos, também fui super-fã do Capitão América e dos Power Rangers, mas a paixão pelo carinha das anteninhas de vinil foi a única que permaneceu comigo até hoje.
Portanto, o fato de eu não gostar de super-heróis em geral, levaria a crer que eu jamais pisaria num cinema pra ver filmes desse tipo, e não pisaria mesmo, se não fosse pelo enorme poder de persuasão da Letícia, que conseguiu mover uma gama de gente pra esse programa de índio.
Por que pra mim, cinema sempre é programa de índio, independente do filme que esteja em cartaz, programas de verdade são aqueles que você saí sem ter hora pra voltar,vira madrugadas adentro e noites afora e etc...
Além de eu preferir esperar que os filmes cheguem nas locadoras pra eu assistir/pausar/voltar/rever no conforto da minha casa. :D
Pois bem, vamos falar do filme.
Eu cochilei váários trechos de tão empolgante que foi a película, e por culpa de quem? Dele, do Batman!
Why so serious, Batman? Os fãs dele que me desculpem, mas o Batman é um super-herói muito do chato.Ficou sério demais de uns tempos pra cá, acho que ele deveria assumir outra forma que não humana, pois de humano só a aparência mesmo. Diferente do Peter Parker, que passa por aflições parecidas com as nossas, meros mortais, e que deixa o filme do Homem Aranha engraçado e mais perto da nossa realidade, fazendo as criancinhas pensarem que qualquer
dia vão ser picadas por uma aranha e sair por aí com super poderes.
Já o Batman não, ele é ultra superior aos demais, blasé da cabeça aos pés.
E a batcaverna? Eu lembro que em tempos idos a batcaverna era a caverna do batman. Mas não, hoje ela fica situada na cobertura de um prédio, é uma construção tremendamente high-teck, tridimensional, futururística, não sei como dar nomenclaturas, mas é uma estrutura fodástica, de deixar o mais novo 007 babando de inveja.
E por que cargas d'água não tem Mulher Gato nos filmes do Batman? Ah, pois eu acho ela fundamental. Com a Michelle Pfeiffer no papel é claro, porque a Halle Barry (pelamordedeus, acabou com a personagem). Nada como a lambida da Michelle, pra fazer o Batman estremecer, deixando ele mais humano e menos sério!
O motivo de assistir o filme é: Heath Ledger como Coringa.


Espetacular. Era a hora em que eu realmente ficava vidraaaado na telona. Todas as aparições dele no filme merecem destaque, todas, todas, todas, dando ênfase na cena que ele faz um lápis desaparecer de maneira completamente insuspeitada, e a cena que ele se veste de enfermeira e explode o hospital, é de pular da poltrona.
O filme é cheio de cenas de ação muito boas e muito bem feitas, logo de cara, vem a sequência de um assalto ao banco que é espetacular também. Mas são muitas cenas dessa, que fica saturado depois, é uma explosão maior que a outra que você jura que é o clímax do filme, e que não pode acontecer mais nada além do desfecho, mas não, dá-se uma reviravolta tremenda e o filme
ainda continua, o que, sinceramente, me cansou.
Outra coisa, o filme é cheio de diálogos existencialistas-moralistas-filosóficos que, na minha modésta opinião, não deviam conter em filme de super-herói, ou então conter menos, beeeeeeeem menos.
Bom, eu podia falar aqui de milhaaaaaares de coisas que eu não gostei, mas pra isso eu tinha que contar o filme quase todo, mas eu não quero estragar o prazer de vocês em ver o filme, aliás, o desprazer.
O importante é que vocês não vão ver muita diferença do jeito de como o filme começa pra como ele termina. Gotham City fica quase a mesma coisa, tirando algumas tantas explões em quase três horas de filme.
E repetindo, o filme vale ser visto pela atuação brilhante de Heath Ledger, e somente.
O que salvou esta minha tarde foi a esticadona que a gente deu nos bares da vida, pra claro, não comentar do filme, que não merece nada mais do que um texto, até muito extenso, como esse.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

De quem parte para quem fica.

Dizem por aí que quando uma pessoa descobre que tem uma doença grave, tipo AIDS ou câncer, ela passa por cinco etapas. A primeira é a negação, a segunda...bem, não sei a ordem, sei que a primeira é a negação, aí tem a raiva, a depressão e tem uma quarta que eu não lembro, e a última das etapas é a aceitação. E eu só preciso saber dessas duas, negação e aceitação, para escrever essas linhas. Quando você me deixou, no auge do nosso amor, quer dizer, do meu amor por ti, foi como um câncer, uma leucemia, eu te sentia extirpando de mim todas as minhas células sadias, ou contaminando-as com alguma substância que me casou inegualável dor e sofrimento. Senti um aperto forte no peito esquerdo, que não era mais câncer, mas uma dor, parecida talvez com a de um infarto, quando não se tem oxigenação suficiente para o músculo cardíaco, mas o que faltava ao meu coração não era oxigênio, era outra coisa. Depois que eu ouvi da tua boca: não dá mais, adeus, e outras palavras que eu preferi esquecer, eu neguei, eu neguei, eute disse: -Pensa bem,não é assim, a-gente-se-ama-você-me-ama-eu-sei. Aí eu, eufórica e incapaz de te convencer, coloquei na mala tudo que eu achava importante levar comigo em primeira hora, pensando, claro, que voltaria com ela no dia seguinte. Abri meu apartamento, mofado e sujo, procurei alguma coisa pra comer e só tinha um resto daquele conhaque que a gente bebeu um dia. E achei melhor beber do que comer, e entre lágrima e soluço, bebi aqueles três dedos, e continuei negando a mim mesma que você tinha me deixado. Dormi um sono pesado, e pra não pensar no dia que tinha se passado, arrumei minusciosamente todos os cômodos, como se estivesse esperando você bater a qualquer hora na minha porta.
É meu caro, já se foram quase dois meses de espera. E eu, sofridamente, passei pelas etapas do câncer do teu abandono. Tive dias de profunda raiva de mim, tentando detectar erros meus, passei dias de bastante tristeza, de ficar trancada, cortinha fechada, pular a janela, etc. Continuo não lembrando da quarta etapa, mas devo ter passado por ela também. E hoje, eu aceitei. E se eu guardava em mim algum sentimento ruim por você, tudo se transformou em adoração, agradecimento. E eu só posso lhe dizer: obrigado. Sem rancor algum, obrigado. Não seria metade do que sou hoje se você não tivesse passado por mim, hoje me sinto uma mulher mais madura e segura de si, diferente da menina que você seduziu anos antes, com esse olhar azul-turquesa, sempre penetrante. Tirou forças minhas que eu nunca imaginei ter, refinou meus gostos,mudou minhas opniões, tá ok, a minha poesia tá ficando meio piegas, mas é a pura verdade.E até pra me abandonar, você não poderia ser mais justo, digno e honesto comigo, de me dizer na cara cruas verdades, que hoje eu sei, eu precisava realmente ouvir. É meu querido, sinta-se um homem de verdade. E é só dos nossos bons momentos que eu lembro, com muita saudade, confesso.
O que acontece é que eu te amo ainda, e muito, amor de devoção, sabe? E eu suponho que seguirei te amando até o fim dos meus dias. Vou comparar toda nova pessoa com você, procurar nelas, algo se assemlhe contigo, e espero que você também encontre alguém, que preencha os teus vazios, que eu infelizmente não fui capaz. Só hoje tive coragem de voltar aqui na tua casa, que um dia também foi minha, pra pegar o resto das minhas coisas, que um dia foram suas também. Escrevo daqui, deitada na tua cama, onda tantas juras vãs foram ditas não é mesmo? E tô deixando a carta embaixo do porta retrato da escrivaninha, que para a minha surpresa, ainda guarda uma foto nossa.
E sendo piegas outra vez: Te amo, te amo, te amo, e sei que você também, no fundo, gosta um pouco de mim.

domingo, 13 de julho de 2008

O Confidente (ou simples objeto observador).

Olhos fundos e marcas de lençol nas bochechas, ela aparece, toda manhã, levemente mal humorada e sonolenta, realizando movimentos quase que em câmera lenta, entre dois ou três lamentos, dois ou três bocejos.Se dirige ao sanitário, mais por impulso, menos por coragem, e se queda ali, a mão esquerda apoiando a testa, pensando se é necessário um banho ou não, planejando o dia, pensando nele, como em cada minuto de cada novo dia: pensando nele. Ela não me disse mais nada sobre, mas eu conheço bem a expressão do seu rosto ao pensar nele.Talvez agora esteja planeando o percurso até a faculdade e vendo todas as possibilidades de cruzar com ele, mas não, ele dorme até mais tarde nas sexta, e assim ela decide prontamente. - Não preciso de banho. Levanta brusca do acento, lava brusca a cara, escova bruscamente os dentes, troca bruscamente a roupa, apaga brusca a luz,bate brusca a porta e sai, brusca.Não posso vê-la na rua, mas a imagino descomposta, cara de sono, bocejos. O andar torto, desengonçado, apressado e brusco.E durante a aula, provavelmente distraída e ainda sonolenta ela pensará no pênis do professor, pequeno e murcho, sem volume algum sob a calça, diferente do fulano ao lado, altivo e imponente, pernas abertas, grande proeminência sob o zíper. E se imaginou na cama com o professor, na cama com o fulano, na cama com os dois. Depois se deu conta de sua abstinência, que claro, faz ela passar horas pensando coisas assim. Espantou-as da cabeça, tentou em vão prestar atenção na aula do professor-pênis-murcho. E depois de trinta segundos ela pensava no pênis dele, e gostou de imaginá-lo também altivo e imponente e não quis espantar aquilo da cabeça. Ao meio dia ela se despe para mim, mostrando os fartos seios que ela tanto se orgulha, o abdome globoso na parte inferior que ela tanto odeia, se esquia vira de lado, vira de frente, vira de costas. Mãos na cintura, pés na ponta dos dedos, ela me mostra as nádegas também fartas porém flácidas e repete mais uma vez para si mesma que precisa urgentemente recorrer a uma academia. E pensou nele, saciando a fome naquelas carnes fartas e flácidas. Ducha rápida só para aliviar os calores, o do verão e o que exala de algum lugar profundo do corpo dela, muito mais difícil de ser aliviado. Aquele conhecido calor que faz ela pensar em outras coisas, ao invés da disciplina ministrada. Escova os dentes, agora não brusca, mas meticulosa, um a um, incisivos, caninos, molares e pré-molares. Senta na pia de pernas abertas para mim, examina o clítoris, o bem mais precioso dela e de toda mulher, suponho eu. E ao mexer nos grandes e pequenos lábios, novamente pensou nele. Rói e pinta as unhas em seguida, vermelho vivo, vermelho sangue. A casa vazia, ela desabafa. Se assume desacreditada em relação a ele, e auto-confiante em relação aos demais, e mostra-se indigna com a sua postura para os demais, quando os demais, não importam, é nele, é dele, é pra ele cada passo, cada movimento, cada nova fragância, cada roupa, cada peça íntima, cada gesto e cada rima. Anoitece. Banho, hidratante e óleos, desodorantes e perfumes, vestido, calcinha, sutiã não, unhas dos pés escarlates, vermelhas-vivas no salto 15, e ela tentou não pensar nele, passando a língua nelas e a deslizando devagar para lamber a parte interna das cochas. Olha bem pra mim e repete: eu sou linda,eu sou linda,eu sou linda. Ensaia beijos, olhares e poses, passa as mãos no cabelo, pega na bolsa o pouco de dinheiro que uma mulher como ela precisa para sair, embriagar-se, divertir e divertir-se, mãos no cabelo. Meia noite, acusa o relógio, ela espera uma nova proposta tocar a campainha e levá-la a bares,shows e talvez mais tarde cama redonda, espelho no teto. Blim-blom, um último olhar,o mais fatal. Desliga elegante a luz, fecha elegante a porta, e me deixa na escuridão, com os meus míseros um metro e meio de largura por dois de altura: pobre espelho confidente.

"Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim. Por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim (...) Mas na manhã seguinte, nem conta até vinte, se afasta de mim, pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim."

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O quereres.




Eu queria querer parar de procurar por emprego,dignidade,status.Eu queria querer acreditar que o meu futuro só depende do meu suor-trabalho-esforço.Eu queria querer acreditar mais no ser humano.Eu queria querer acreditar mais na bondade genética e inviolável dos seres.Eu queria ser mais engajado politicamente,ou não,queria querer ser mais alienado e acreditar em toda falsa promessa e assim,votar sorrindo.Eu queria querer mais inimigos,pra que eles,junto com todos os seus pessimismos e suas invejas,só conseguissem me erguer cada vez mais.Eu queria querer mais manhãs ensolaradas,pra me dar ânimo e me tirar da cama antes do meio dia.Eu queria querer mais,mais música,mais cinema,mais teatro.Eu queria querer acreditar mais no amor,no príncipe vindo de cavalo branco,que mora em algum lugar e que está destinado a mim,embora ainda não me conheça.Eu queria querer me empolgar mais com as pequenas coisas do cotidiando,com o café e com o pão de todo dia,com o bom dia sorridente das pessoas.Eu queria querer um milhão de coisas e distribuir a todos vocês.Eu queria querer deixar de querer tanto,e querer mais as coisas que já tenho,as pessoas que já possuo.Como eu queria.Eu queria querer gostar mais do país que eu moro,eu queria querer me contentar mais com tudo o que eu já tenho,e que não é pouco.Ah,eu queria querer crescer,crescer muito,pra ver de cima os quintais alheios e constatar que eu não tô sozinho nessa coisa de querer querer e querer mais um bocado de coisa.


"Eu te quero e não me queres como sou;

Não te quero e não me queres como és...

Ah, bruta flor do querer...Ah, bruta flor, bruta flor!"

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mesa pra um,não fumante.

Quando fui passar as férias de fim de ano em Curitiba,fiquei dividido entre uma alegria sem fim e um pânico absoluto.Feliz porque iria finalmente fazer uma das viagens dos meus sonhos e triste porque não era exatamente sozinho que euplanejava conhecer uma das cidades mais bonitas do país.Pra piorar,minha vida amorosa estava um fracasso (e continua),eu estava mais fragilizado que uma peça de porcelana.Seria uma boa viajar assim,sozinho,pra um lugar onde qualquer esquina de paredes descascadas parece uma boa paisagempara uma foto?
Mesa pra um,não fumante.O garçom fez a cara mais feia para a minha frase.Será que estar sozinho era ofensivo emCuritiba?Será que não fumar era ofensivo em Curitiba?Depois descobri que não falar "curitibanês" era ofensivo emCuritiba.E só depois de muito tempo fui descobrir que os curitibanos gostam de olhar feio mesmo,não importa o quevocê fale,é o jeito blasé deles. Devorei o sushi sem olhar pro lado.Na verdade sem olhar pra frente,pra trás,pra lugar nenhum.Aquele restaurante todo parecia ter saído de um final brega de novela.Todo mundo tinha se dado bem.Todo mundo se amava.Menos eu,menos eu.E eu?
E os primeiros dias se arrastaram assim.Até que lá pelo quarto dia resolvi dar uma volta pelo centro.Não tive paciência pra rodar aquilo tudo,fui nas lojas que eu achava que fossem as melhores,alguns shoppings,etc.Fiquei numa alegria só quando me dei conta que finalmente estava no Jardim Botânico,cansadão,comendo um sanduíche enorme de queijo,sentado em um banco,no meio de todo aquele verde.Sei lá porque comecei a rir sozinho da minha falta de glamour e me senti extremamente feliz.
Saindo de lá parei num desses cafés que você jura que só quem é muito intelectual e especial pode entrar.Tomando ocafé expresso mais incrível da minha vida e o pão de queijo mais incrível da minha vida,só lamentei a falta de uma coisa.Não,não foi de nenhuma companhia ao meu lado.Foi de não estar usando meu MP4.Curitiba toda tinha fones nos ouvidos e definitivamente eu tinha que usar o meu.Paguei a conta do café e comecei minha perigrinação de volta para casa,na intenção de baixar músicas,não importava quais fossem.
No outro dia saí de casa sem nenhuma angústia no coração e na melhor companhia de um MP4.Era com ele,inclusive,que eu tinha um jantar marcado para aquela noite.Tinha tomado um banho demorado,vestido meu casaco e então saí em busca de um lugar charmoso e divertido para jantar.Tinha demorado quatro longos dias para eu descobrir como era incrível sair pelas ruas sem medo de nada.Nem de assalto,nem de ruas escuras e esburacadas,nem de não achar um lugar bacana sem precisar de carro e,principalmente,sem medo da solidão.
Curitiba é,sim,uma das cidades mais bonitas e talvez a mais romântica do Brasil.Foi lá que eu me apaixonei pela minhacompanhia.